CAMINHAR COM OS PRÓPRIOS PÉS
(um método de ensino - de yoga e além) - Texto da profa. Eliane Oliveira
Caminhar com os próprios pés é um dos primeiros aprendizados da vida. Melhor se o aprendizado estiver sob um olhar que acompanha esse desafio, sem provocar nem inibir o avanço. O misterioso e duro abandonar da casca para formar asas. O processo é trabalhoso. Os doze trabalhos de Hércules. "A vida... o que ela quer da gente é coragem" (Guimarães Rosa).
Caminhos de autoconhecimento não são macios. Nem planos. No fundo, no fundo, queríamos que fosse assim, tudo cor de rosa à la Disney, cheiro doce de incenso, positividade sem crise. Qualquer coisa que, no mínimo e pelo menos, preservasse aquela nossa fantasia uterina de conforto e proteção sem dor, sem frustração, em tombos, sem assombros. Só que não é. Há é ventania e chão pedregoso. A santa dialética através da qual a morte vira vida. Triste dos que temos a ilusão de que a ventania e os pedregulhos podem e devem ser evitados. Já nos ensinou Rubem alves que a pérola nasce do atrito, do conflito, da crise que a areia faz no corpo da Ostra. Salve todas as areias! É só permitindo nos atritar com toda e qualquer areia da vida que poderemos andar com os próprios pés. Caímos para andar. Se não cairmos, não andaremos. Se não andarmos, não cairemos. Cair é necessário para estruturar. Andar é necessário para, em breve, voar.
Um dia, uma menina vendo todo o sofrimento da lagarta tentando se livrar da casca pensou que podia ajudá-la na sua libertação, forçando a abertura de suas asas. Mas, ao fazer isso, interrompeu justamente a libertação dela, que incluía seu autoparir-se, movendo-se em si mesma, revirando-se, até re-brotar.
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