TRANSCENDER EMOÇÕES NEGATIVAS PARA ALCANÇAR AUTOCONFIANÇA


“Por intermédio do desenvolvimento e do aprimoramento da nossa percepção, podemos transcender as emoções negativas; elas principiam a perder o seu império sobre nós, e nós começamos a sentir-nos mais leves e confiantes.”

Para certificar-nos de que a nossa meditação ou percepção tem uma base sólida, podemos verificá-la uma vez por outra. Quando estamos meditando num ambiente muito sossegado, nossa mente pode parecer muito positiva, calma e tranquila – contudo, quando vamos para o mundo, para o lar ou para o trabalho, ou quando se nos deparam situações difíceis ou ameaçadoras, podemos descobrir que as emoções negativas ainda nos afetam vigorosamente. Mas, em lugar de evitar tais situações ou tentar esconder-nos delas, podemos aprender a recebê-las com agrado e utilizá-las – pois elas podem ajudar-nos a pôr à prova e a robustecer o insights e o poder da nossa meditação.

É até possível ter experiências máximas durante momentos de ansiedade, raiva ou ressentimento, pois a energia básica está lá, ponta para ser transformada. E assim como o potencial de realização é inerente às nossas mentes, assim também ele é inerente às próprias emoções. Esse potencial está em cada instante de nossas vidas e, através da meditação, podemos aprender a alcançá-lo.

Uma prática é meditar igualmente sobre nossas emoções e sentimentos negativos e positivos – sem nos cingirmos ao que parece bom e sem evitar o que é doloroso. Dessa maneira, podemos descobrir e usar as qualidades positivas que existem até nas negatividades da nossa mente. Já não sentimos então a necessidade de identificar-nos com as nossas emoções ou de rejeitá-las; experimentamo-las diretamente, sem fazer discriminações entre elas. Por intermédio do desenvolvimento e do aprimoramento da nossa percepção, podemos transcender as emoções negativas; elas principiam a perder o seu império sobre nós, e nós começamos a sentir-nos mais leves e confiantes. Através desses experiências, podemos até penetrar a natureza da realidade - e, nesses raros momento, podemos vivenciar uma grande alegria.

A constante atenção no que quer que estejamos fazendo é até mais importante do que a meditação formal ou a prática, pois quando estamos atentos a todos os momentos, nossa confiança e nosso equilíbrio aumentam. E eventualmente compreendemos o quanto são cruciais cada pensamento, cada palavra e cada ação, tanto para nós quanto para os outros.

À medida que estendemos esse conhecimento à nossa vida de todos os dias, podemos aprender a sustentar continuamente uma qualidade de abertura. Quando permanecemos abertos, alertas e atentos, nossas emoções e nossos problemas não são capazes de vencer-nos. Podemos permitir-lhes que surjam sem tentar agarrá-los e, nessas condições, já não somos apanhados em tempestades emocionais.

Assim como os cientistas põem à prova suas teorias em laboratórios, assim podemos por-nos à prova na vida diária. Quando nos sentimos equilibramos e satisfeitos e descobrimos que nossas mentes estão claras e nossos corações abertos, sabemos que estamos principiando a estabelecer contato com a verdade dentro de nós mesmos.

Tulku, Tarthang. Gestos de Equilíbrio: Guia para a percepção, a autocura e a meditação. São Paulo: Pensamento, 1977.


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