RUBEM ALVES
por Rosane Martins Oliveira 


Rubem Alves foi e continuará sendo meu grande mestre. Ele não era yogue, asceta nem guru, mas levitava. Melhor: voava. Era um homem pássaro. 

De suas estórias sai uma música melodiosa que me faz escutar os cantos esquecidos da minha alma. Nelas, sempre encontro os sorrisos que se perderam nas horas dos dias, das semanas, na vida que passa, muitas vezes, sem pausas. 

Com ele, aprendi que plenitude, 'iluminação', é olhar  para o mundo e estar inundado por ele. É poder “ver  o universo num grão de areia”. Que nada pode ser mais realizador do que segurar a mão de uma criança e deixar que ela nos guie, mostrando e apontando todas as coisas que há no caminho.  Descobrir, em cada passo, um mundo novo. Realização mesmo é descansar os olhos num imenso ipê florido que surge no meio da estrada; abraçar e se deixar ser abraçado; se calar quando as palavras já não significam mais nada e só ouvir o som do silêncio.  Ter coragem para mergulhar no que há de mais divino, a alegria.   

Veio a esta existência para falar do amor, da beleza-tristeza que há em todas as coisas, principalmente na simplicidade, do voo dos pássaros, das árvores, das crianças, do prazer e da liberdade. Totalmente integrado à sua humanidade, a todos os seres e coisas do mundo.

Reverencio o Poder Maior por ter concedido essa graça ao mundo: o envio desse homem, demasiadamente humano, um mestre, que esteve de passagem por este planeta, por 80 anos. 

E agora, ele 'ficou encantado'... 
   
 

Comentários

Mônica Valentim disse…
Lindo, Rosane! Ele ainda vive em você e na Eliane!

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