BENÇÃO, MESTRE RUBEM ALVES!
por Eliane Martins de Oliveira



















Querido Mestre, doce Mestre,
Desde a primeira vez, seus ensinamentos ressoaram dentro de mim 
como se sempre estivessem,
Acordaram em mim algo de mim que não me lembrava,
Falaram-me tudo o que no silêncio me habita,
Alimentaram-me meus olhos para que o mundo que vejo revelasse.
Beberam-me porque, sei, antes me pertenciam.
Você me pegou pela mão e me mostrou os milhões do infinito de uma flor,
os rascunhos do sagrado nos versos de Nietzsche,
Adélia Prado e Mário Quintana,
a escuridão e as luminuras de Deus - o menino,
o áspero, as dobras,
o lodo, o perfume,
o querer, o ter, o perder,
o ouvir, o dizer, o sentir
dos amores, das dores, dos sabores,
da morte, da vida, da despedida, da alma caída,
da música, da política, da poética,
da alegria,
da filosofia,
da liberdade, da insanidade, da maternidade,
da doença, da infância, da velhice, da mesmice,
da beleza, da tristeza, da incerteza,
do Eterno,
do Inferno,
do Corpo, da Ressurreição, da Educação, da Comunhão.
Todo o tudo que existe no humano como Mistério.
Sentirei sua falta, Mestre.
Vá! Brinque de roda no Céu.
Conte para o Criador sobre jardins, Ipês e Sonatas.
Ele deve ter sentido muitas saudades de você e o chamou de volta.
Que eu possa ouvi-lo mais alto agora
para que, como você, eu tenha a coragem de mergulhar na vida como num caso de amor.

Benção, Mestre! 
Sempre grata e com terno carinho,
Eliane 




Comentários

Mônica Valentim disse…
Que coisa linda, Eliane! É possível ver que ele ficou também um pouco em você! Belos versos!

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